segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Entrevista

Faculdade cria curso de graduação para estudar a Doutrina Espírita

Entrevista feita por Rubens de Castro Silva - rcastro@triang.com.br
Publicada no Jornal da Aliança Municipal Espírita de Uberlândia - MG

Imagine a possibilidade de estudar o Espiritismo em um curso superior. Interessante, não? Essa é a proposta que a Faculdade Leocádio José Correia (FALEC), sediada na cidade de Curitiba, Paraná, tornou realidade desde o ano 2001, com o curso de Bacharelado em Teologia Espírita. É o primeiro curso superior no país que possibilita o estudo e a pesquisa sistemática da Doutrina dos Espíritos. Na grade curricular do curso é possível encontrar disciplinas como Psicologia e Espiritismo, "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Filosofia Espírita,Epistemologia Espírita, - "O Livro dos Médiuns", Metafísica, Os Grandes Pensadores do Espiritismo, A Mediunidade, o Produto Mediúnico e o Social, entre outras. O Jornal Vida Espírita entrevistou o Presidente da Mantenedora da Faculdade, Maury Rodrigues da Cruz, que nos conta um pouco das atividades da FALEC e do curso. Maiores informações também podem ser acessadas em www.falec.br.

Vida Espírita (VE) - Quem foi Leocádio José Correia, sua relação com o Espiritismo, ou mesmo com o movimento espírita?
Maury - Leocádio José Correia, em sua última encarnação, viveu no Paraná. Nasceu em 16 de fevereiro de 1848, em Paranaguá. Como médico, clinicou nos municípios de Paranaguá, Guaratuba, Morretes, Ponta Grossa, Castro e Curitiba. Foi também, ator, escritor, jornalista e Deputado Provincial pelo Partido Conservador. No teatro e na Assembléia Legislativa, defendeu a causa abolicionista. Desencarnou, aos 38 anos, no dia 18 de maio de 1886.
Desde então, passou a se manifestar espiritualmente no Paraná e em outros Estados brasileiros. Através do médium Maury Rodrigues da Cruz, vem realizando uma intensa atividade assistencial voltada para a saúde física, mental e espiritual de quem o procura.

VE - Onde está localizada a Faculdade?
Maury - Em Curitiba, à Rua José Antônio Leprevost, 331 – Santa Cândida.

VE - Quantos alunos possui a Faculdade?
Maury - Em torno de 700.

VE - Quais os cursos de graduação e pós?
Maury - Graduação: Pedagogia, Administração de Empresa e Teologia Espírita.
Pós-graduação: Formação Pedagógica do Docente de Nível Superior; Educação Especial e Psicopedagogia.

VE - Qual o tempo de existência da Faculdade?
Maury - A FALEC obteve a autorização de funcionamento do MEC no ano de 2000.

VE - Qual é a relação da instituição com a Doutrina Espírita?
Maury - A FALEC tem como mantenedora o Lar Escola Dr. Leocádio José Correia, que foi fundado em 5 de janeiro de 1963, pela Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas- SBEE, portanto, seu Projeto Político Pedagógico Institucional é fundamentado nos princípios da Doutrina Espírita.

VE - Quando é que surgiu a idéia de se criar um curso superior de Teologia Espírita?
Maury - A Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas ao longo desses 53 anos busca um permanente exercício de estudo e pesquisa, objetivando a construção da pessoa humana através de uma educação libertadora. Dessa forma se consolidaram os chamados Grupos de Exercício Mediúnico que, fundamentados em um Projeto Político Pedagógico e um currículo voltados integralmente para a promoção da pessoa humana, vem atendendo semanalmente cerca de 2000 pessoas. A Doutrina dos Espíritos evoluente no tempo e no espaço, manifesta a preocupação de consolidar o Espiritismo no Brasil, efetivamente com Ciência, Filosofia e Religião. Assim, concebeu-se um projeto maior para concretizar em níveis acadêmicos todo o andamento desse trabalho.

VE - Qual o objetivo central desse curso? Por que oferecê-lo?
Maury - É desenvolver nos acadêmicos o potencial de auto-desenvolvimento, autocrescimento e autoconhecimento, permitindo que através do estudo e da pesquisa, eles se descubram como agentes sujeitos, autores e construtores de si mesmos. O curso se propõe a formar pesquisadores da Doutrina dos Espíritos, na construção do senso crítico e da visão científica. Desenvolvendo também, o espírito de solidariedade, respeito, compreensão e considerando a ética universal do ser humano.

VE - Qual a expectativa da Faculdade para com o curso de Teologia Espírita?
Maury - É a formação do Teólogo Espírita fundamentada na perspectiva do pensamento transdisciplinar, na visão crítica de currículo aberto e flexível e nos princípios filosóficos e doutrinários dignificadores da pessoa humana.
Esperamos também que aconteça a inserção do Teólogo Espírita nos Núcleos de Estudos Espíritas, organizações não-governamentais, áreas de Saúde, Conselhos de Ética e Departamentos de Recursos Humanos visando, através de projetos, a uma orientação pautada no conhecimento científico e na construção de uma consciência crítica com vistas a uma nova sociedade. O empenho do curso está no compromisso com a formação de cidadãos aptos a pensar, criar, refletir e construir contínua e sistematicamente condições para uma melhor qualidade de vida, levando gradativamente à emancipação humana.

VE - Existe ou existiu alguma instrução do plano espiritual quanto à realização desse trabalho?
Maury - Não.

VE - Como foi o trâmite burocrático dessa proposta junto ao MEC para a sua aprovação?
Maury - Foi normal como todos os outros cursos de graduação.

VE - Qual a forma de ingresso no curso?
Maury - Através do vestibular e de uma entrevista com uma banca formada por professores do curso.

VE - Além do vestibular existe algum outro critério para que o candidato possa participar? Alguma entrevista, por exemplo? E se sim, isso não limita o acesso?
Maury - Como disse, o candidato passa por uma entrevista que tem o objetivo de conhecê-lo melhor, levantar suas principais expectativas com relação ao curso, bem como prestar esclarecimentos sobre a nossa proposta.

VE - Quantas vagas são oferecidas?
Maury - 50 vagas no período noturno.

VE - Quanto custa o curso? Existe alguma proposta de bolsa para os alunos?
Maury - Atualmente a mensalidade é de R$ 312,00. Existem as bolsas do PROUNI (Programa Universidade Para Todos).

VE - Como foi montada a grade curricu-lar proposta pela faculdade?
Maury - Através de um grupo de especialistas, mestres e doutores de várias áreas do conhecimento e estudiosos da Doutrina dos Espíritos.

VE - Qual seria o campo profissional de atuação dos alunos formados no curso?
Maury - O Teólogo Espírita poderá atuar nos seguintes segmentos: Centro de Estudos Espíritas, Organizações não-governamentais, áreas de Saúde, Conselhos de Ética dentro de organizações civis e governamentais, Departamentos de Recursos Humanos e outros.

VE - Como é formado o corpo docente que ministra o curso? Os professores são espíritas?
Maury - O corpo docente é formado por especialistas, mestres e doutores das diversas áreas do conhecimento e 90% dele é espírita.

VE - Vocês já realizaram o primeiro vestibular? Quem e quantos são os alunos que estão no curso de Teologia Espírita?
Maury - A primeira turma de Teólogos Espíritas vai se formar no dia 10 de fevereiro de 2007. Atualmente estamos com 700 alunos cujo perfil, em sua maioria, é de já graduados em outras áreas de conhecimento e que estão buscando aperfeiçoamento e autodesenvolvimento. Contamos com alunos de origem espírita e de outras linhas religiosas. Com relação à faixa etária existe uma flutuação entre 20 a 80 anos, com uma maior concentração entre 40 e 60 anos.

VE - Como tem sido a experiência do curso?
Maury - Extremamente positiva na medida em que avaliamos o crescimento dos acadêmicos ao longo do curso. Percebe-se assim, a funcionalidade do conhecimento, na vivência cotidiana, envolvendo o meio social, cultural, profissional e familiar, permitindo uma qualidade melhor de vida.

VE - Parece que é o primeiro curso superior de Teologia Espírita não só no Brasil, mas no mundo. Como é que vocês encaram essa situação?
Maury - Como uma experiência de grande responsabilidade, tendo em vista o caráter científico, filosófico e religioso do Espiritismo. A grande significação será implementar o estudo, a pesquisa, a contextualização e a sistematização da fatologia espírita.

VE - Dentro da proposta de Ensino Superior, a Faculdade pretende aliar o curso a pesquisa e extensão também? Como seria esse trabalho?
Maury - Sim. Como todos os cursos da FALEC, o de Teologia Espírita participa das atividades de Extensão como a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão e a Jornada de Pesquisa Transdisciplinar. O Departamento de Teologia conta ainda com um curso, em nível de extensão, de Capacitação de Coordenadores de Grupos de Exercício Mediúnico que atuam na SBEE.
Além disso, é importante frisar que a concepção de pesquisa e extensão, é a de que o conhecimento é construído de dentro para fora. Cada indivíduo fará a sua extensão dentro do seu alcance possível.

VE - A Faculdade, ou os seus membros estão ligados a alguma instituição Espírita (Casa Espírita ou Federativa)?
Maury - A FALEC, como também, a maioria dos seus membros, está ligado à SBEE que mantém 16 núcleos espíritas espalhados pelos Estados da Paraíba, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. (
www.sbee.org)

VE - Aproveitando essa pergunta, vocês chegaram a receber alguma observação ou comentário por parte das federativas (Municipais, Estaduais e a Federação Espírita Brasileira) com relação a esse curso? O que eles acharam da proposta do curso?
Maury - Não recebemos nada, a não ser muitas mensagens de pessoas espíritas do Brasil e do exterior. As mensagens, em sua maioria, eram no sentido de parabenizar pelo curso e questionar sobre a possibilidade de um curso à distância. O que pretendemos atender assim que possível.

VE - Quais os planos para o futuro? Já se pensa em algo nessa área que envolva a pós-graduação?
Maury - Estamos pensando, para o ano de 2007, pós-graduação em nível de latosensu e stricto-sensu.

VE - Gostaríamos que acrescentasse alguma coisa que deixamos de perguntar e que talvez fosse interessante levar aos nossos leitores.
Maury - Entendemos que Centros Espíritas, através do conhecimento doutrinário espírita, fundamentado nas obras de Kardec, representam um espaço de permanente promoção da pessoa humana, buscando continuamente através do conhecimento compor equilíbrio físico, mental, espiritual e moral. Portanto, pensamos em Centros Espíritas como agências educacionais, com coordenadores de grupos e palestrantes, otimizadores da vida, ensinando a doutrina em uma linha de mentalidade que dignifica a pessoa na força do seu livre-arbítrio, ensinando a visão crítica de liberdade, a capacidade que cada um tem de aprender a se indagar, a discernir entre o certo e o errado, enfim, a saber que cada um tem o direito de ir, vir, permanecer e ficar. A Doutrina dos Espíritos terá que trabalhar com a possibilidade de educar o homem para uma visão profunda de si mesmo. Então, gostaríamos de frisar que a formação do Teólogo Espírita tem a preocupação de contribuir para a construção dessa mentalidade espírita no País. Pois, entendemos que é importante clarear alguns conceitos tais como: a função dos Centros Espíritas e do Exercício Mediúnico, em face da Ciência, da Filosofia e Religião. A missão de um Centro Espírita é a de ensinar a pensar e não o que pensar.

Curso superior de espiritismo em faculdade de Curitiba

Curso superior de espiritismo em faculdade de Curitiba:
Proposta
Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Por que estou aqui? Esses questionamentos fazem parte do cotidiano do ser humano, e o curso de Teologia Espírita da FALEC traz instrumentos e instruções para que seus alunos possam seguir na construção das suas respostas. Essas questões e, consequentemente, seus desdobramentos, ganham cada vez mais importância, em uma época marcada por diversos conflitos e desafios, e que mostra cada vez mais o papel determinante do Homem na Terra. O curso de Teologia Espírita abre novas paisagens no horizonte do conhecimento, iluminando o “Ser” em sua trajetória evolutiva.
Assim, a proposta do Curso de Bacharelado em Teologia Espírita é a de possibilitar o estudo sistemático, acadêmico, da Doutrina dos Espíritos, dando seqüência ao esforço de quase 50 anos da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas - SBEE no sentido de reconceituar o Espiritismo no Brasil.

Grade Curricular

Disciplinas
Períodos e Carga Horária
Total
1ª Série
2ª Série
3ª Série
4ª Série
Língua Portuguesa
40
0
0
0
0
0
0
0
40
Ética
40
0
0
0
0
0
0
0
40
Sociologia Geral
40
0
0
0
0
0
0
0
40
Introdução à Filosofia I e II
80
80
0
0
0
0
0
0
160
Fundamentação Doutrinária Espírita
80
0
0
0
0
0
0
0
80
Informática Básica
80
0
0
0
0
0
0
0
80
Metodologia Científica I e II
40
40
0
0
0
0
0
0
80
Psicologia Geral
0
40
0
0
0
0
0
0
40
Literatura Espírita
0
80
0
0
0
0
0
0
80
Introdução à Antropologia
0
40
0
0
0
0
0
0
40
História das Religiões I, II e III
0
80
40
40
0
0
0
0
160
Ética Espírita
0
40
0
0
0
0
0
0
40
Sociologia Espírita
0
0
80
0
0
0
0
0
80
História do Espiritismo I e II
0
0
80
40
0
0
0
0
120
Estética
0
0
40
0
0
0
0
0
40
Psicologia e Espiritismo
0
0
40
0
0
0
0
0
40
Filosofia Espírita I e II
0
0
80
80
0
0
0
0
160
Doutrina Social Espírita I e II
0
0
40
40
0
0
0
0
80
Cosmologia e Física Quântica I e II
0
0
0
40
40
0
0
0
80
O Evangelho Seg. o Espiritismo
0
0
0
80
0
0
0
0
80
Ensino e Pesquisa Teológica
0
0
0
80
0
0
0
0
80
Projeto Integração e Cidadania
0
0
0
34
0
0
0
0
34
Metafísica I e II
0
0
0
0
80
40
0
0
120
Lógica I e II
0
0
0
0
40
40
0
0
80
Antropologia Espírita I e II
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0
0
0
40
40
0
0
80
O Livro dos Espíritos
0
0
0
0
80
0
0
0
80
História do Espiritismo no Brasil
0
0
0
0
80
0
0
0
80
Espiritismo Moral e Direito
0
0
0
0
40
0
0
0
40
O Livro dos Médiuns
0
0
0
0
0
80
0
0
80
A Teologia nas Diferentes Ideologias Religiosas
0
0
0
0
0
80
0
0
80
Pesquisa e Monografia I, II e III
0
0
0
0
0
80
80
80
240
Epistemologia
0
0
0
0
0
40
0
0
40
Língua Francesa
0
0
0
0
0
0
80
0
80
A Doutrina Espírita e a Medicina
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0
0
0
0
0
40
0
40
Teologia Comparada I e II
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0
0
0
0
0
40
40
80
Centro Espírita como Unidade Social -Funcional
0
0
0
0
0
0
40
0
40
A Gênese
0
0
0
0
0
0
80
0
80
História da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas  
0
0
0
0
0
0
40
40
A Mediunidade e suas Diversas Linguagens  
0
0
0
0
0
0
80
80
Os Fenômenos Espíritas e a Ciência  
0
0
0
0
0
0
40
40
Atividade Complementar  
0
0
0
0
0
0
40
40
Pedagogia Espírita
0
0
0
0
0
0
0
40
40
Totalização por período e geral
400
400
400
434
400
400
360
360
3.154
 

domingo, 30 de outubro de 2011

Superando a perda de entes queridos

Superando a perda de entes queridos
Olá companheiros de jornada!

O tema, a que o texto postado refere-se, deve ser entendido à luz do L.E.

O Livro dos Espíritos - Allan Kardec, Parte Quarta, Das esperanças e consolações

Capítulo I - Das penas e gozos terrenos - Perda dos entes queridos.

"O CONSOLO E O ESCLARECIMENTO QUE A DOUTRINA ESPÍRITA OFERECE.

O DEPOIMENTO DE QUEM JÁ PASSOU PELA DOR DA SEPARAÇÃO."

Perder um ente querido significa um dos momentos mais difíceis da existência humana. A dor da separação daqueles que amamos pode ser definida de inúmeras formas. Alguns a descrevem como uma dor no coração indescritível, outros dizem sentir uma sensação de vazio como se a alma estivesse despedaçada, há aqueles também que custam a querer acreditar no que aconteceu. O fato é que a dor da perda não pode ser evitada, mas a maneira de encarar a situação e a compreensão de que a morte não existe pode ajudar as pessoas a passarem por este momento doloroso.

 

A crença na vida após a morte e que a separação é passageira, diante da eternidade, traz um grande consolo no momento da partida daqueles que amamos. Outro aspecto importante que a doutrina espírita ensina é que o desespero e a revolta diante desta perda podem prejudicar aqueles que partiram. A questão 936 de O Livro dos Espíritos diz: "Uma dor incessante e desarrazoada o toca penosamente, porque, nessa dor excessiva, ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com estes".

 

O espiritismo também recomenda a prece pelos entes queridos que partiram, para que seus corações possam se sentir aliviados. O Evangelho Segundo o Espiritismo traz uma coletânea de preces e fala da importância da oração pelos que acabam de deixar a Terra como forma de ajudar no desligamento do espírito, tornando seu despertar no Além mais tranqüilo e breve. "Vós que compreendeis a vida espiritual, escutais as pulsações de vosso coração chamando esses entes bem-amados, e se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós essas poderosas consolações que secam as lágrimas, essas aspirações maravilhosas que vos mostrarão o futuro prometido pelo soberano Senhor".

 

Além da busca do consolo espiritual é preciso aprender a lidar com a perda do ente querido. Para compreendermos melhor como trabalhar interiormente esse momento tão difícil e doloroso, entrevistamos a psicóloga Kátia Flock, que é vice-presidente da ABRAPE (Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas) e apresentadora dos programas Alquimia da Mente e Despertar para a Vida, na Rede Boa Nova de Rádio.

 

Como você, psicóloga e espírita, analisa a questão da perda de entes queridos?

 

Acredito que o indivíduo que tem conhecimento da existência da vida após a morte aprende a lidar muito melhor com a questão da perda de entes queridos, porque tem uma concepção diferente dos demais, sabe que a perda é apenas física e transitória. Então, quando a pessoa passa por essa situação, muitas vezes de uma forma inesperada ou brutal e tem a crença nos valores espirituais, consegue viver esse período de luto com maiores condições de enfrentar o distanciamento.

 

Quer dizer, então, que a pessoa que possui fé e crença na vida após a morte lida melhor com a separação?

 

A pessoa que crê na existência da vida após a morte e passa pela dor da perda de um ente querido, lida melhor psicologicamente e emocionalmente com a morte. O indivíduo que não tem essa concepção da existência espiritual, acaba vivendo esse distanciamento de uma maneira pior e de forma conflituosa, por não acreditar na possibilidade de reencontrar a pessoa que partiu.

 

Com a dor da perda, o psiquismo sofre muitos danos e se existir uma ligação muito forte entre esses, a pessoa acaba vivendo com um grande drama. Muitas, até, não conseguem se curar quando perdem seus entes queridos; continuam sofrendo muitos anos com a mesma dor.

 

Além do aspecto espiritual, como podemos trabalhar psicologicamente a dor da perda?

 

Nós temos que analisar o que é a perda. Ela significa não podermos mais compartilhar com aquele indivíduo que é muito importante em nossa vida. Todos nós temos pessoas importantes em nossas vidas, mas se estivermos mais preparados e desenvolvermos o autoconhecimento, aprenderemos a trabalhar melhor com os momentos difíceis. Muitas vezes existe uma dependência emocional muito grande entre elas e a perda parece brutal, até mesmo, desesperadora. Então, uma forma de lidar melhor com essas situações é a busca da psicoterapia. Por intermédio do tratamento, acaba entrando em contato com suas potencialidades internas e desenvolvendo a auto-estima, pois em geral, as pessoas muito dependentes das outras são pessoas que não confiam em si mesmas.

 

O autoconhecimento é uma ajuda para tudo na vida do ser humano, porque as perdas, as dificuldades e as frustrações existem e vão existir sempre. Mas a pessoa aprende, dessa maneira, a ter subsídios emocionais e afetivos suficientes para enfrentar as perdas em geral; aprende a canalizar o seu amor também para outras pessoas.

 

Desabafar sobre os problemas pode ajudar?

 

Sim. Falar, expressar seus sentimentos pode ajudar muito, mas apenas isso não resolve totalmente a questão. O tempo também ajuda a pessoa a enfrentar a situação.

 

É importante que aconteça a comunicação, porque o indivíduo muitas vezes acaba entrando em um estado de isolamento e se distanciar não é a maneira mais adequada de solucionar o problema. Negar, jamais deve ser o caminho de resolução de uma questão, e evitar falar é fugir.

 

"Não há morte, é apenas uma passagem para outro plano"

 

A psicóloga Valéria de Moura Silva perdeu seu filho de 18 anos em um acidente de carro. Diz ter encontrado na doutrina espírita o consolo necessário, e com a partida de Tiago, surgiu uma transformação que lhe proporcionou a descoberta de um novo caminho a seguir.

 

"Nós morávamos em Atibaia e meu filho saiu à noite para uma festa. Quando já era madrugada, um grupo de amigos disse que iria para São Paulo levar uma pessoa e perguntou a Tiago se gostaria de ir junto e ele entrou no lugar de um amigo que resolveu não ir. Em um trecho da Rodovia Fernão Dias, a moça que conduzia o carro perdeu a direção e caiu na riibanceira. As quatro pessoas que estavam no banco traseiro faleceram, entre elas, o meu filho.

 

Após o acidente, os outros pais pediram uma investigação mais profunda; alguns até entraram com processo, mas eu não quis saber disso, porque cada vez que fosse chamada para depor teria que reviver tudo novamente, e já estava vivendo uma dor muito grande.

 

Um ano antes do acidente, eu tive vários pressentimentos; cada vez que ele saía não dormia, ficava preocupada até ele voltar. Ele também tinha esse pressentimento, dizia que um dia iria embora em uma esquina.

 

Apesar de ter tomado conhecimento sobre o espiritismo ainda menina, eu tinha medo. Só voltei a procurar a doutrina após o desencarne do meu filho. O conhecimento nos dá um grande consolo, pois compreendemos que não há morte, é apenas uma passagem para outro plano.

 

Algum tempo depois recebi uma psicografia do meu filho no Grupo Noel. Ele dizia na mensagem que no início foi muito difícil e não sabia onde estava, demorou a compreender a situação, mas que através das orações que recebia das pessoas que o amavam foi entendendo e se modificando. Eu chorei de emoção quando recebi essa mensagem e a partir de então, passei a buscar mais o lado espiritual, e até hoje trabalho nesse centro como voluntária.

 

Recordo-me, também, que um dia passei em uma banca de jornal e vi uma matéria sobre psicografia na Revista Cristã de Espiritismo e sobre o trabalho do centro espírita Perseverança. Fui até lá e recebi uma psicografia linda do Tiago. É como se ele dissesse, por intuição, para eu ir conhecer o grupo onde ele estava participando no plano espiritual.

 

Eu posso dizer que após oito anos a dor se modificou, mas a saudade não. Às vezes, eu fecho os olhos e sinto a presença dele perto de mim nitidamente. Passei a compreender que não perdemos ninguém, a pessoa continua viva, só que em um plano que não somos capazes de enxergar, nem tocar".

 

 

"A pessoa que sofre a dor da perda de um ente querido não deve depender emocionalmente de uma mensagem psicografada. Apesar de muitas vezes servir como consolo, a pessoa precisa criar forças em seu próprio mundo interior".

 

 

A dor da perda leva muitas pessoas para os consultórios dos psicólogos?

 

O ser humano não foi criado para viver a dor, foi criado para viver o prazer, e desde criança aprendemos a lidar com a vida cheia de prazeres. Por isso que muitas vezes vemos os jovens com grandes frustrações e decepções, buscando até as drogas para fugir, exatamente porque não foram educados para vencer as dificuldades.

 

A maioria dessas pessoas que procuram os consultórios chegam em grande dor, até mesmo em desespero. E a dor se simboliza através de uma depressão, onde a pessoa não quer viver mais já que perdeu um ente querido. Nós chamamos esse período de depressão por luto. E através das sessões terapêuticas a pessoa vai percebendo que a grande dor dela foi de não querer aceitar que ela consegue viver sozinha; não acreditava até então que poderia viver sem aquela pessoa e vai começar a compreender que pode.

 

Para encerrar, deixe uma mensagem.

 

O importante é perceber os bons momentos que vivemos com esse ente querido. Além disso, tentar entender que nada acontece ao acaso, tudo tem uma finalidade e se a separação ocorre, ela causa um grande impacto, mas temos que guardar um bom sentimento e sabermos que a caminhada foi importante enquanto estivemos juntos e que a separação não é o fim. Existe a possibilidade do reencontro.

 

Nós aprenderemos a lidar melhor com essa separação se tivermos a certeza de que ela é transitória. Todos nós partiremos um dia para o plano espiritual. Lidar com a morte não é nada fácil, porque é conviver com a perda. O enfrentamento vem a partir do momento em que tentamos aproveitar a presença de nossos entes queridos enquanto estão conosco, demonstrando carinho e amor, para quando partirem, não sofrermos tanto. Mas o que resta quando esse ente desencarna é lembrar desses bons momentos e ter a certeza de que a perda não é permanente, é apenas transitória, É um período de afastamento.

 

A pessoa deve tentar levar sua vida adiante, porque quando ficamos presos demais à perda, no futuro acabamos tomando conhecimento de que não vivemos a própria vida e sim, a vida do outro.

 

Participando de grupos de apoio

 

Segundo os depoimentos que ouvimos de muitas pessoas que perderam seus entes queridos, desabafar sobre o assunto é muito importante. "É como se tivésssemos nosso ente querido perto de nós novamente por alguns instantes", nos relatou um dos entrevistados.

 

Existem alguns centros espíritas que oferecem esse tipo de apoio a esses familiares. Entramos em contato com dois deles. O centro espírita A Caminho da Luz, no bairro da Água Rasa, em São Paulo, mantém um grupo que recebe o nome de Gotas de Amor, voltado aos pais que perderam seus filhos. O grupo se reúne para a leitura do Evangelho, passes, apoio às mães e psicografia. As voluntárias também orientam as gestantes e auxiliam na confecção de enxovais.

 

Outro local que possui um atendimento voltado às pessoas que perderam seus entes queridos é o centro espírita Perseverança, no bairro Santa Clara, zona leste de São Paulo. Entrevistamos Vilma Faria, coordenadora do grupo. O trabalho consiste em palestras e passes, depoimentos de pessoas que já vivenciaram a mesma dor, sessões de psicografia e auxílio nas obras sociais da casa. Vilma nos relatou, também, que perdeu seu filho há 25 anos, e como é ajudar outras mães que estão passando pela mesma situação. "Eu me encontrei na doutrina espírita e aprendi a olhar mais para a dor dos outros", relata.

 

Seu filho, Moacyr Júnior, desencarnou em um acidente de moto aos 17 anos. Depois da perda ela passou a freqüentar o centro espírita Perseverança e lá recebeu diversas psicografias. Algumas dessas mensagens constam em livros como Motoqueiros do Além e Vozes da Outra Margem. Passou também a freqüentar o grupo de mães e hoje, como coordenadora, diz que tenta passar tudo aquilo que aprendeu para outras pessoas que estão passando pela dor. "Acima de tudo, devemos amar a Deus e jamais devemos nos entregar ao desespero. É através da vontade de servir a Jesus e ao próximo que aprendemos a sobreviver, apesar da dor, e muitas vezes não é preciso ir longe para isso; pode haver alguém de nossa família precisando de nossa ajuda", reflete Vilma.

 

"A prova que passamos nos fazem crescer".

 

Arnaldo Pandolfi é dirigente da Instituição Beneficente Verdade e Luz e perdeu seu filho de câncer linfático e sua esposa de derrame cerebral em um período de dois anos, cada um. Relata que a fé e a compreensão dos porquês dos acontecimenntos da vida é muito importante na superação das dores.

 

"Deus não nos dá uma prova maior do que suportamos. Quando ocorrem essas coisas com os outros, sentimos uma sensação de piedade, mas quando acontece conosco, nós vemos como é importante estar preparado para esses momentos. A prova será mais fácil de suportar quanto maior a compreensão que tivermos sobre o por quê das dores.

 

Devemos sempre ter fé e refletir que não é possível que essa vida seja uma loteria, em que uns sofrem, outros não; temos que aprender a confiar. Quando vamos fazer uma viagem de avião, confiamos na equipe, no mecânico, na companhia aérea, senão não entraríamos no avião. Confiamos em tanta gente falível e em Deus, o Criador do Universo não?

 

Precisamos ter consciência de que a prova que passamos quando perdemos os entes queridos nos fazem crescer, é um aprendizado tanto para aquele que parte quanto para aquele que fica.

 

A dor que nós sentimos é como se a pessoa que amamos fosse fazer uma viagem muito longa e não retornasse mais.

 

Aqueles que crêem na continuação na vida após a morte possuem a dádiva de, por intermédio de um médium, de uma mensagem, receber noticias. É como se recebesse uma carta dessa pessoa amada que foi viajar. Mas devemos lembrar que as comunicações servem para consolar, agora não tem sentido quando começamos a querer evocar o espírito do ente que partiu a todo momento. Devemos ter a certeza que quando nós emitimos paz, força e luz para esses, eles recebem a força dos nossos pensamentos.

 

Meu filho disse em uma de suas mensagens algo que devemos refletir muito: Que não nos preocupemos tanto com as coisas materiais, porque em relação à eternidade, a vida tem a duração de um relâmpago. Restam apenas as coisas mais importantes".

 

Érika Silveira - Revista Cristã de Espiritismo

 

Muita paz. :)

 

Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/o-livro-dos-espiritos/superando-a-perda-de-entes-queridos/#ixzz1cId7D3PM

A PERDA DE ENTES QUERIDOS

A PERDA DE ENTES QUERIDOS

A dor causada pela perda dos entes amados atinge a todos nós com a mesma intensidade. É a lei da vida a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no transcorrer da vida será a de que um dia morremos.

Não costumamos pensar muito na morte, não fazendo ela parte das nossas preocupações mais imediatas. Vamos levando a vida sem pensar que um dia morremos. Mas daí vem o inesperado, e quando nos deparamos ela bate nossa porta arrebatando-nos um ente amado.

Então sentimo-nos impotentes diante dela e o pensamento de que nunca mais "o veremos" aumenta mais a dor. Dor alguma é comparável a essa. Ceifando a alegria de viver de quem fica no corpo, assinala profundamente os sentimentos de amor, deixando vigorosas marcas no campo emocional. Mesmo na vida física há separações traumáticas, longa e às vezes definitiva. Na morte, então a saudade e a vontade de ter outra vez aquele que se foi é perfeitamente natural e compreensível.

A morte, no entanto, é uma fatalidade inevitável, e todos aqueles que se encontram vivos no corpo, em momento próprio dele serão arrebatados.

Algumas pessoas sentem com maior intensidade a perda do ente amado, demorando a se recuperar da dor pela partida deste. O chamado período de luto. O período de luto é influenciado por vários fatores, dentre estes a idade, saúde, cultura, crenças religiosas, segurança financeira, vida social, antecedentes de outras perdas ou eventos traumáticos e principalmente quando a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como acontece em desastres, acidentes ou por ato de violência. Cada um desses fatores pode aumentar ou diminuir a dor do luto.

Mas porque é tão dolorosa a perda, ou melhor, a separação de um ente amado? Justamente, porque os amamos, e porque os amamos queremos tê-los continuamente junto a nós, e isso é natural, portanto, não necessita de explicações! Vivemos em função uns dos outros, se aquele que amamos se vai... Como não sentir? A impossibilidade de se conversar, ouvir a voz, tocar no ente amado que partiu, é desvastor para aquele que ficou. Uma foto, um aroma, uma música bastam para lembrar o ente querido e a dor da sua ausência reaparece cada vez mais forte acompanhada da saudade causticante!

Diante de tão terrível e amarga dor. Aonde procurar consolo? Aonde procura respostas? O que fazer e qual a nossa atitude mais correta para sobrevivermos a ela?

Para entender a atitude dos espíritas diante da dor da perda de entes queridos, é preciso entender a visão espírita da morte!

Toda a religião espiritualista tem em comum a crença na imortalidade da alma. No entanto, o Espiritismo acrescenta e difere das demais, porque nos mostra que além de imortal, a alma após a morte mantém sua individualidade, se aperfeiçoa e evolui pela pluralidade das existências (reencarnação) e existe a comunicação entre os que se encontram no Mundo Espiritual e aqueles que se encontram no mundo material.

Diante da imortalidade da alma a morte é, pois: a destruição do corpo físico, comum a todos os seres biológicos, seja pelas transformações orgânicas, pelo desgaste à medida que nele se movimenta, ou por uma agressão violenta!

Considerando que o Espírito esta em constante crescimento e renovação, a morte é um meio de transição e não um ponto final, possibilitando assim através da reencarnação mudança de ambientes e projetos de vida! Vejamos o que diz o Livro dos Espíritos.

Questão 153:

P: Em que sentido se deve entender a vida eterna?

R: "A vida do espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. quando o corpo morre, a alma retorna a vida eterna"

 

Segundo consolo que encontramos na Doutrina Espírita: possibilidade de comunicação entre os encarnados e os desencarnados!

A possibilidade da comunicação com o ser querido leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem, uma palavra que possa proprocionar-lhes a aceitação do ocorrido e que lhes minore a dor da enorme saudade que sentem

No entanto, é necessário se precaver contra a urgência desenfreada de se obter essa comunicação, principalmente quando é recente a desencarnação. Nesse caso, sabemos que ela não é impossível, mas não é recomendada porque, e isto é natural e previsível para todos os recém desencarnados, há um período de adaptação do Espírito a sua nova realidade.

Não podemos olvidar também que as condições em que se encontram os Espíritos no mundo espiritual, se dão pelo próprio espírito, ou seja, pelas escolhas, a forma como viveu enquanto encarnado, seus méritos e suas necessidades! Diante disso, a comunicação pode ser impedida ou não possível por um determinado tempo.

Em segundo, as comunicações são acompanhadas de uma necessidade e de uma utilidade! Temos que entender que o mundo espiritual não esta para nos servir a qualquer hora ou custo, para saciar desejos desenfreados, isso pode abrir portas para mistificações e ate obsessões. Por isso toda e qualquer comunicação deve ser vista com cautela e seriedade!

Então as pessoas que buscam o centro espírita com profundo desejo de receberem uma mensagem de um ente querido desencarnado, estejam avisadas de que este contato nem sempre é possível. Às vezes passam-se meses e até anos antes de obterem uma palavra ou mensagem. Nem os médiuns, nem os Espíritos estão obrigados a nos dar as respostas que queremos, mas se a Misericórdia Divina permitir, com certeza será recebida, como podemos comprovar por tantas psicografias, posteriormente publicadas em livros, recebidas por Francisco Candido Xavier, mensagens consoladoras e esperançosas para pais, filhos, amigos...

Outro consolo que a Doutrina Espírita trás, diz respeito às desencarnações de entes amados em tenra idade, jovens, filhos ceifados de um momento para outro, por meio de acidentes, violência desenfreada, doenças rápidas! Esse tipo de desencarnação geralmente causa espanto, e muita revolta para os que ficam. Mas no Evangelho Segundo Espiritismo, no capitulo V, Instruções dos Espíritos no item perda de pessoas amadas e mortes prematuras (Sansão, antigo membros da Sociedade Espírita de Paris, 1863):

 

Ele diz assim: "a morte prematura é quase sempre um grande beneficio que Deus concede ao que se vai. Sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. aquele que morre na flor da idade não é vitima da fatalidade, pois, deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na terra."

 

Ressalta-se que nos casos de morte em que não houve imprudência ou que não houve nenhuma participação do desencarnado.

 

E Sansão ainda nos diz:

 

"regozijai-vos em vez de chorar quando apraz Deus retirar um dos seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não têm fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento, mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus!"

 

Diante dessas palavras instrutivas do Espírito Sansão, podemos ver que os pensamentos, dirigidos aos entes amados desencarnados, chegam como vibrações e são percebidas e assimiladas por eles. Porque a morte nada mais é do que a destruição do corpo orgânico, mas a alma imortal segue eterna, assim como os laços de amor e afeições que os uniu aos pais, aos filhos, aos maridos, as esposas, aos amigos!

A Doutrina Espírita orienta-nos a pensar e emitir vibrações de amor, e não de dor e desespero. Vejamos o que nos revela a questão 936 do Livro dos Espíritos.

 

P: - Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos espíritos que as causam?

 

R: O espírito é sensível às lembranças e às saudades dos que lhes eram caros na terra; mas uma dor incessante e desarrazoada, o toca penosamente, porque nessa dor excessiva ele vê falta de fé no futuro e confiança em deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com ele."

 

Da mesma forma os entes amados que partiram nos emitem pensamentos e vibrações de amor e de esperança. Acontece que muitas vezes, nos prendemos na dor, e não nos apercebemos da presença deles. Muitas vezes, eles têm que recorrerem às sessões mediúnicas, com a devida permissão dos seus orientadores espirituais, para pedir, que não soframos mais. Que nosso sofrimento excessivo, os fazem sofrer, que nosso apego as lembranças com dor os atingem e os afligem. Muitos ainda impossibilitados de virem se comunicar, porque ainda estão de adaptando e se recuperando, (um dos motivos que a evocação não é recomendada) solicitam aos seus mentores que mandem noticias em seus nomes, para acalmar o coração dos familiares em sofrimento. A morte não é o mergulho no nada, é apenas a mudança de estado, e que eles continuam do lado de lá, recebendo de nós, os sentimentos de amor, ou de revolta que possamos emitir.

Joanna de Angelis nos alerta quanto nossa atitude perante nossos desencarnados entes queridos, na obra Rumos Libertadores.

Ela diz assim: "não digas, ou interrogues, antes os que desencarnaram: "deixaram-me, e agora? O que será de mim?

Estes conceitos, profundamente egoístas, atestam desamor, antes do que devotamento.

Nem te entregues ao desejo de partir, também sob a falsa alegação de que não pode continuar sem eles.

Esta atitude fá-los-ás sofrer.

Poe-te no lugar deles.

Como te sentirias do lado de cá, acompanhando o ser amado que se resolvesse complicar a própria situação, justificando seres tu o responsável?

Imagina-te impossibilitado por leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse por ti, e verificarás quanto te seria doloroso.

"Assim também eles sofrem em razão de atitude contundente, quanto se alegra em face da resignação, da saudade dulcida e das preces gentis que os afetos lhes devotam".

 

Podemos tirar três lições do texto de Joanna de Angelis:

Primeira lição: nossos pensamentos emitidos os fazem sofrer ou os alegram!

Segunda lição: é não buscar evocá-los; quando ela diz: "imagina-te impossibilitado por leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse por ti..."

Terceira lição: envolve-los em preces. O Evangelho Segundo Espiritismo traz uma coletânea de preces e fala da importância da oração pelos que acabam de deixar a terra como forma de ajudar no desligamento do Espírito, tornando seu despertar no além tumulo mais tranqüilo.

Para enfrentarmos a dor da perda de entes queridos, devemos partir primeiro da fé e confiança na imortalidade da alma; que a morte é apenas a transição de um estado para o outro, qual seja, a saída do mundo físico para a vida espiritual. Que a alma liberta do corpo segue seu curso mantendo sua individualidade, levando consigo, as experiências, os amores e os laços de família, que são ainda mais reforçados, posto que libertos do corpo os Espíritos compreendem melhor certas situações, as quais, enquanto estavam no corpo, passavam despercebidas.

A crença na vida após a morte e que a separação é passageira, traz um grande consolo no momento da partida daqueles que amamos. Lembrar os bons momentos vividos com esse ente amado, sabendo que nada acontece ao acaso e que a separação é apenas momentânea demonstrando assim fé e confiança nos desígnios de Deus e na possibilidade do reencontro.

Sabendo que a desencarnação é para, nós inevitável devemos nos preparar para ela, vivendo cada instante, uns com os outros como se fosse o ultimo; aprendendo e compartilhando conhecimentos! Amando, perdoando e servindo ao bem comum!

Cultuar a memória dos entes queridos desencarnados mediante ações de que eles se alegram, de que possam participar inspirando-nos e protegendo-nos, ou aprendendo conosco aquilo que não souberam ou não quiseram aproveitar!

Nara Cristina Goulart

narinha_goulart@hotmail.com

Bibliografia:

Livro dos Espíritos

Evangelho Segundo Espiritismo

Rumos Libertadores

"Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou
sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta."
Nelson Mandela
Certa vez, Madre Teresa foi interrogada sobre:
"Como devemos promover a paz mundial".
Sua resposta foi:
"Vá para casa e Ame a sua família!..."
(Madre Teresa)
 

sábado, 29 de outubro de 2011

"Perdão e tolerância são alavancas
de sustentação da nossa paz íntima."
Emmanuel

A MELODIA DO SILÊNCIO

Repara a melodia do silêncio nas criações divinas.

No Céu, tudo é harmonia sem ostentação de força.

O Sol brilhando sem ruído...

Os mundos em movimento sem desordem...

As constelações refulgindo sem ofuscar-nos...

E, na Terra, tudo assinala a música do silêncio, exaltando o amor infinito de Deus.

A semente germinando sem bulício...

A árvore ferida preparando sem revolta o fruto que te alimenta...

A água que hoje se oculta no coração da fonte, para dessedentar-te amanhã...

O metal que se deixa plasmar no fogo vivo, para ser-te mais útil.

O vaso que te obedece sem refutar-te as ordens...

Que palavras articuladas lhes definiriam a grandeza?

É por isso que o Senhor também nos socorre, através das circunstâncias que não falam, por intermédio do tempo, o sábio mudo.

Não quebres a melodia do silêncio, onde tua frase soaria em desacordo com a Lei de Amor que nos governa o caminho!

Admira cada estrela na luz que lhe é própria...

Aproveita cada ribeiro em seu nível...

Estende os braços a cada criatura dentro da verdade que lhe corresponda à compreensão...

Discute aprendendo, mas, porque desejes aprender, não precisas ferir.

Fala auxiliando, mas não te antecipes ao juízo superior, veiculando o verbo à maneira do azorrague inconsciente e impiedoso.

"Não saiba tua mão esquerda o que deu a direita" — disse-nos o Senhor.

Auxilia sem barulho onde passes.

Recorda a ilimitada paciência do Pai Celestial para com as nossas próprias faltas e ajudemos, sem alarde, ao companheiro da romagem terrestre.

Que, muitas vezes, apenas aguarda o socorro de nosso silêncio, a fim de elevar-se à comunhão com Deus.

Meimei - Psicografia de Chico Xavier
Do livro "Instruções Psicofônicas"

VIDA FELIZ

Sê amigo de quem te busque o apoio, a presença.

As criatur
as necessitam tanto de pão quanto de amigos para viver.

Há quem caminhe na multidão, sofrendo a soledade, necessitando de companhia, de amizade.

Nunca permitas que a outra pessoa se afaste da tua presença sem que leve algo bom dos minutos passados contigo.

Tens muito a oferecer. Descobrir tais valores, seja o teu primeiro passo.

Pô-los a benefício do próximo, o imediato.

Ninguém está privado dos bens espirituais, que não possa dispor de alguma coisa para oferecer.

Joanna de Ângelis/Divaldo Franco
"O verdadeiro Espírita não é aquele que crê nas manifestações, mas aquele que aproveita o ensinamento dado pelos Espíritos."
Allan Kardec.

Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã...

Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus - Jesus

A própria Natureza apresenta preciosas lições, nesse particular. Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de uma existência?

Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento. Faze por ti mesmo, nos domínios da tua iniciativa pela aplicação da fraternidade real, o trabalho que a tua negligência atirará fatalmente sobre os ombros de teus benfeitores e amigos espirituais.

Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento. Se é possível, não deixes para depois os laços de amor e paz que podes criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto. Não é fácil quebrar antigos preceitos do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem. Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem.

Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a idéia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra.

Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão. Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres. Deixa-te reviver, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem. Não olvides a assertiva do Mestre *Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus*.

Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que te cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre ti mesmo, no tempo. Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.

* Fonte Viva * Francisco Cândido Xavier * Emmanuel *